terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Melancolia de Natal

Festa de Natal. Muita gente e uma casa que não é nossa. E nem é “das nossas”, tendo em vista que não a habitamos como habitamos a residência de amigos. Passo mais tempo na casa de meus amigos do que na minha própria.

Festa de Natal. Quem gosta da gente sempre liga. Trinta e três minutos ao telefone. O melhor de todos os “feliz-natal” ouvidos.

Festa de Natal. Música. Alguns casais dançando. A festa está se encerrando e as perguntas começam: “Vais fazer Reveillon onde?” ou “Vamos fazer Reveillon?” Nessa hora até dá vontade de ir. Os amigos estarão lá e muita gente conhecida também. A gente se imagina no local da festa com essa acontecendo...

Muita gente dançando. Muita gente dançando agarradinho. Na hora eu não vou querer dançar com ninguém; na hora, dançar agarradinho nem pensar. Só uma pessoa me levaria a tal e ela não estará lá...

Com isso, me retrairia para um estado melancólico. Por sua apresentação exterior, a melancolia é facilmente confundível com a tristeza. Tristeza e festa não combinam e a alegria dos outros estaria comprometida.

Melancolia não é tristeza, não é depressão. Melancolia é uma saudade (mas sem saudosismo). Uma saudade “lisa”, serena, profunda...

Sentir saudade não é sentir falta. Serve como analogia, mas não existem sinônimos absolutos: cada palavra encerra em si sua própria idéia. Sentir saudade é lembrar algo em nós e esse algo apenas se encontra afastado no espaço-tempo. Muitas vezes esse fato-ser nem aconteceu ainda. Sentimo-lo no íntimo sem sentir a sua falta pois se confia que as coisas estão no lugar-tempo corretos.

...

Ela está lá, na cidade dela, e eu cá, em minha cidade. A melancolia nasce aqui... a saudade toca e faz lembrar das coisas que já se foram no tempo (sorrisos, beijos, abraços) e daquilo que ainda não veio (palavras, passos de dança, mãos dadas, ...).

Melancólico, sim, mas... dias virão... e esses dias não tardam...

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