sábado, 29 de dezembro de 2007

Ao acusado, a defesa

Ultimamente fui tocado fortemente por uma “acusação” (impessoal, mas uma acusação ainda). Mencionei algumas frases que me tornavam comum e fariam com que perdesse meus “atrativos”. Isso parece incomodar. Incomodar-ME. Pensando com tranqüilidade (agora, após um leve gotejar das nuvens), me transporto para as colocações que fiz defendendo o uso de frases-comuns. Os argumentos eram bons (acredito) e realmente são o que penso.

Um sofrimento meu, particular, é a falta de criatividade que me acompanha. Meu forte é trabalhar idéias que já existam. Isso sim me é de grande alegria. Mas não sou criativo.

No cadinho dos pensamentos há palavras e palavras, frases e frases, textos e textos e tudo isso são idéias enoveladas/enovelando-se. Comigo é assim, bem como com todos.

Não sei quem é o autor dessa frase, mas Dona Mãe sempre a repetia: “Cada um fala do que está cheio o coração”.

Pois eu falo do que está cheio meu coração. Sinto o que penso (não sou emotivo, apenas acredito em certezas). Só posso falar com o que tenho em mim. Depois de pensar muito, falo.

Alguém que me conhece vai dizer: “controvérsia aqui!”. É verdade, no meu viver não pareço pensar muito. Quem olha não vê que tudo o que faço teve um raciocínio prévio. Falo tão facilmente (é o que dizem e é o que penso) que pareço não pensar muito e apenas falo. Não sou um grande-ser-da-cultura (infelizmente), mas não sou destituído de sentido no que digo: o que falo sempre tem fundamento, e chão só existe quando se tem pés sobre ele. Sonho, mas quero atingir esses sonhos.

[Só um momento: ficou parecendo, no parágrafo anterior, que sou frio e calculista. Não é isso, não. Não metodizo todos os passos do que irá acontecer e nem manipulo cada detalhe para que saia exatamente da maneira como foi pensado. Não, não. Não é isso. Com a inteligência que tenho, não consigo fazer tudo isso. Somente o fundamento, a parte principal já foi pensada (afinal, é isso o que importa e sobre algo hão de ser tomadas as decisões, não?).]

...

Os Livros na estante já não tem mais tanta importância
Do muito que li, do pouco que eu sei, nada me resta
A não ser, a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei, nem que seja só para estar, ao seu lado,
Só pra ler, no seu rosto
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor

A noite eu me deito, então escuto a mensagem no ar
Vagando entre os astros, nada me move nem me faz parar
A não ser, a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei, nem que seja só para estar ao seu lado,
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de Amor

Os Livros na estante já não tem mais tanta importância
Do muito que li, do pouco que eu sei, nada me resta
A não ser, a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei, nem que seja só para estar, ao seu lado,
Só pra ler, no seu rosto
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor

A noite eu me deito, então escuto a mensagem do ar
Vagando entre os astros, nada me move nem me faz parar
A não ser, a vontade de te encontrar
O motivo eu já nem sei, nem que seja só para estar ao seu lado,
Só pra ler no seu rosto
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor
Uma mensagem de Amor

[Lucas Santana – Mensagem de amor]

Observe que coloquei “Lucas Santana”, mas essa música é de Herbert Vianna. É que gosto da interpretação do Lucas Santana.

Eu trabalhava em uma loja de música e acabei escutando essa música sem querer. Um de meus colegas estava rodando-a. Aproximei-me e perguntei que música era e tal. Ele me explicou, conversou comigo um pouco e, quando viu que gostei da música, disse que era muito ruim. Perguntei em que CD estava e ele me mostrou o CD da novela Laços de Família. Droga! Um CD de novela?!?! Senti-me um ser massificado naquela hora... Resisti o máximo que pude, mas havia gostado muito dessa música, tanto que comprei o CD.

Nessa semana estava em um mini-mercado aqui de perto e a televisão estava ligada. Passava uma das novelas de uma emissora não-Global e, na trilha sonora, estava uma versão dessa música cantada por uma mulher. Senti uma como revolta por aquilo estar acontecendo. Em verdade, houvera me esquecido de que a tinha conhecido também em uma novela.

Isso me levou a pensar que muitas vezes discordamos de algo simplesmente por que já foi “massificado” e deixou de ser algo “original”. Acabamos imprimindo a nossa originalidade em algo que não é nosso. Isso é um tanto quanto absurdo, não?

Ao menos está explicada a razão de ter mantido Lucas Santana: esse aí é o “meu” original da canção, o “meu”.

...

Dei-me conta de que a maioria das músicas que escuto (as que gosto de todo o eu) são verdadeiros lugares-comuns. Veja a letra acima. Gosto mesmo dessa música, pombas! Mas é lugar-comum.

Há tempos atrás, quando estava tentando aprender a tocar violão, comecei a ler as letras das músicas do Pato Fú e percebi que, de uma linha para a outra, não havia nenhum sentido! Como era possível aquilo retratar as minhas realidades?! Ou como é que aquilo poderia retratar a realidade de qualquer um que fosse?!?!?! Lendo e relendo entendi que Pato Fú é tão “fú” porque nos deixa participar da composição de suas músicas, deixando o espaço entre uma linha e outra por nossa conta.

A verdade é que a gente realmente imprime os reflexos da nossa existência nas letras das músicas e no movimento de melodia das músicas.

[Começou a tocar Lost in your eyes com Debby Gibbson agora aqui… outro lugar-comum que eu adoro...]

A minha vida é cantada por paisagens que já foram fotografadas em outros cantores, mas as memórias do que se foi são apenas minhas. Esse “book” só eu vejo, só eu sinto. Pobre linguagem essa dos homens que não tem palavras suficientes para gerar a paciência...

Sinta minhas frases-comuns, mas SINTA com tudo o que posso te mostrar. Escute a minha melodia, dance com meus olhos quando eles te olham, escute a minha voz e pense nela como algo incompleto sem as minhas mãos. Não leia meu texto. Esqueça-o. Leia-me. Eu não sou o que os outros escreveram/disseram.

...

Somos todos partidaristas e vamos sempre defender os nossos partidos???

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Pessoas água-com-açúcar

If this life
Gets any harder now
It ain't no nevermind
Got me by your side
And anytime you want
We catch a train
And find a better place
'Cause we won't let nothin'
or no one keep gettin' us down
maybe you and I
Could pack our bags and hit the sky

[Aerosmith – Fly away from here]

Já há algum tempo (ih, já se vão 9 anos!), li em uma revista uma matéria feita com os editores e colaboradores de uma revista de música. Lá, entre outras coisas, cada um deveria apresentar uma lista contendo vários de seus gostos. Melhor música, pior música e tal. O último item era a música que eles estavam escutando e que tinham vergonha de estar escutando. Um deles inseriu Britney Spears. Disse que era estranho escutar aquilo porque era bem diferente do estilo dele, era “água-com-açúcar”. Mas, mesmo assim, ele não conseguia deixar de escutar.

Desd’aquela época observo os padrões clichês (não era esse o nome que dera para o padrão, mas, por motivos recentes, ganha essa nomenclatura) que todos nós adotamos. Contava 15 anos e um círculo social pequeno. Nunca tinha namorado também. Era (muito) mais retraído. Portanto, não havia me servido de clichês até aquela época. Mas d’ali pra frente comecei a observar e ver que eram - até pode-se dizer - necessários.

A vida social é bem complicada: nós devemos transmitir idéias através de uma linguagem e ainda temos de ser compreendidos (divertido, não é?).

Aqui é interessante que se estabeleçam padrões para a comunicação. Facilidade de compreensão. O clichê entra nesse setor.

Quem nunca se serviu de clichês? (dá até pra ser um nome de comunidade no orkut) É difícil imaginar alguém que nunca os tenha utilizado. Claro, tudo o que é comum, banal e repetitório é anti-romântico. Quem vai gostar de um relacionamento sem romance?

Nos anos que se seguiram pude ir maturando essas idéias (junto comigo, que amadurecia com os anos – estou ficando velho...) e atinando que há mais coisas por detrás dos fatos. Outros fatos mesmo. São trechos de vida que só são visíveis em um tempo consideravelmente posterior a seu acontecimento.

Difícil de entender? Nem tanto. Vejamos: apenas leia a transcrição feita no início do texto. Muito clichê, não? Agora não a leia, mas sim cante-a. Diferente agora. Sentiu? Sem a música, é apenas um clichê. Já com a música é bem mais do que isso. Se fosse somente a melodia, ficaria cocha e não teria todo o sentido que poderia.

Clichê (já repeti essa palavra sete vezes até aqui: os letristas vão me matar!) é ferramenta; a verdade está no todo de onde partem as palavras.

...

I can see clearly now the rain is gone.
I can see all obstacles in my way.
Gone are the dark clouds that had me blind.

...

Look all around, there's nothing but blue skies.
Look straight ahead, there's nothing but blue skies.

[Jimmy Cliff – I can see clearly]

Não há nada mais do que o céu? (Clichê!)

Realmente, não há nada além do céu... só o restante da natureza... o céu pelo céu apenas não consegue ser azul sozinho. Mas, quem é que quer saber disso, não é mesmo?

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Existem livros água-com-açúcar. Existem músicas água-com-açúcar. Existem conversas água-com-açúcar.

Não existem pessoas água-com-açúcar.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Melancolia de Natal

Festa de Natal. Muita gente e uma casa que não é nossa. E nem é “das nossas”, tendo em vista que não a habitamos como habitamos a residência de amigos. Passo mais tempo na casa de meus amigos do que na minha própria.

Festa de Natal. Quem gosta da gente sempre liga. Trinta e três minutos ao telefone. O melhor de todos os “feliz-natal” ouvidos.

Festa de Natal. Música. Alguns casais dançando. A festa está se encerrando e as perguntas começam: “Vais fazer Reveillon onde?” ou “Vamos fazer Reveillon?” Nessa hora até dá vontade de ir. Os amigos estarão lá e muita gente conhecida também. A gente se imagina no local da festa com essa acontecendo...

Muita gente dançando. Muita gente dançando agarradinho. Na hora eu não vou querer dançar com ninguém; na hora, dançar agarradinho nem pensar. Só uma pessoa me levaria a tal e ela não estará lá...

Com isso, me retrairia para um estado melancólico. Por sua apresentação exterior, a melancolia é facilmente confundível com a tristeza. Tristeza e festa não combinam e a alegria dos outros estaria comprometida.

Melancolia não é tristeza, não é depressão. Melancolia é uma saudade (mas sem saudosismo). Uma saudade “lisa”, serena, profunda...

Sentir saudade não é sentir falta. Serve como analogia, mas não existem sinônimos absolutos: cada palavra encerra em si sua própria idéia. Sentir saudade é lembrar algo em nós e esse algo apenas se encontra afastado no espaço-tempo. Muitas vezes esse fato-ser nem aconteceu ainda. Sentimo-lo no íntimo sem sentir a sua falta pois se confia que as coisas estão no lugar-tempo corretos.

...

Ela está lá, na cidade dela, e eu cá, em minha cidade. A melancolia nasce aqui... a saudade toca e faz lembrar das coisas que já se foram no tempo (sorrisos, beijos, abraços) e daquilo que ainda não veio (palavras, passos de dança, mãos dadas, ...).

Melancólico, sim, mas... dias virão... e esses dias não tardam...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Convocação:

No local onde trabalho momentaneamente (uma lan-house) acorrem pessoas de várias idades. Como é habitual em espaços de convivência, formam-se pequenos grupos, geralmente por faixa etária.

Em um espaço como esse, devido a suas diminutas dimensões, os grupos acabam interagindo entre si.

Dia desses no início de dezembro, as crianças-clientes que se encontravam por cá algarrazavam e essa pequena baderna começava a importunar as demais pessoas que cá estavam também. Como uma de minhas funções é manter a ordem local (xerife!), percebi ser hora de agir.

Sabe, gosto de crianças. E, onde há crianças, há bagunça. Gosto de bagunça, mas há momento para cada coisa. Momento e lugar.

Todo mundo que trabalha com educação (principalmente de crianças) sabe que a violência e a rispidez não geram disciplina.

Movido com essa certeza, pensei em que fazer para organizar a situação. Me servi de uma das minhas ferramentas favoritas: o conhecimento frio e cru (não há nada mais gélido e congelante do que um fato verdadeiro que nos obrigue a ver a realidade e abandonar as “frescurinhas” – justo as que deveriam ter fim naquele momento – para analiza-lo).

“-Bah, vocês viram o que aconteceu no Ártico? Entre 3 mil e 4 mil morsas do Oceano Pacífico morreram esmagadas umas pelas outras, depois que o desaparecimento de blocos de gelo sobre os quais costumavam se abrigar forçou-as a se aglomerarem na costa. Aquecimento global...”

Silêncio.

Quase 10 segundos.

Quase seguro de que houvera atingido o objetivo (tranqüilidade), ouvi a voz de uma das mocinhas: “Haha! Que isso tem a ver com a genti? Nós também vamos morrer esmagados? Haha!”

Sabe o que é que realmente desconforta? É alguém com 12 anos (eu acho isso bastante) desconhecer que mora embaixo do buraco da camada de ozônio; é não saber o que é empatia e não se colocar no lugar dela mesma daqui a 40 anos; o abismal mesmo é o não querer pensar.

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A maior de todas as minhas paixões (a única paixão-lúcida da minha vida) é uma mulher que é interessada em pensar. Além de inteligente, ela é interessada em pensar. Eu sinto todos os tipos de atração por ela, mas (fora de dúvida) o interesse em pensar que ela tem é o maior de todos os fatores que me atraem.

Talvez seja peça rara. Vai ver é isso. É, deve ser isso.

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A baderna continuou. Eles são inteligentes, apenas não sabem que gostam de pensar. Falta um empurrãozinho...

Convocação:

Senhores e senhoras que gostam de pensar: invitem de todas as maneiras possíveis as crianças e os adultos a sua volta e de seu círculo a pensar. Incentive com a sua vontade de pensar outros a pensarem. Mesmo que não seja igual a você, instigue-os a pensar!

Silencia...

We'll fast forward to a few years later
And no one knows except the both of us
And I have honored your request for silence
And you've washed your hands clean of this

[Alanis Morissette - Hands Clean]

Uma das dificuldades que comumente se vê (cantada inclusive em músicas populares) é a diferenciação entre amizade e um relacionamento afetivo mais... hum... digamos “direto” (namoro, casamento e tal).

Talvez por uma vontade incontrolável sentimos essa necessidade de “sugar até o bagaço da uva” (analogia feia essa, mas é bom como se porta o ser humano).

Construída ao longo de um período considerável, a amizade é um sentimento estável e que empresta essa estabilidade a situações difíceis vividas pelos amigos. Dessas oportunidades (essa de problemas vencidos) surge um conforto que entrega um como “doce” para o ser. Aqui surge a questão.

Desfrutando de toda a liberdade de que um amigo é portador (toques, conhecimento da intimidade e tal), esse mesmo se engana ao imaginar por dentro de si um afeto “maior”. Sem observar corretamente a outra parte, declara-se em amor-conjugal.

Daqui para diante se sabe o que advém: distância.

Agora não se tem o que se tinha. Gerado esse “desconforto”, a amizade se torna abalada. Mas uma amizade abalada não é mais uma amizade.

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Escutando Alanis percebi uma verdade comportamental. A inconseqüência é um fato. Quer-se viver tudo e não se quer as reações consecutivas aos fatos.

O mais abismal são essas formulações contratuais: “Nós fazemos e depois esquecemos, tá?”

Entenda-se uma coisa dessas...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Abstração?

Decepção é um acontecimento difícil de explicar. Ou difícil de entender.

Algumas pessoas já tentaram me definir decepção, mas não tive sucesso e não compreendi o que é.

No entanto, sigo procurando entender. Nesse caminho, presto atenção (atenção mesmo) e me posiciono o mais empático que posso.

Imaginei como seria alguém trair minha confiança (a definição que foi repetida por mais vezes). Imaginei alguém que conhecesse algo extremamente secreto de minha vida, algo incontável, um calcanhar de Aquiles (quem sabe?). Imaginei o pior dos usos que essa pessoa poderia fazer dessa informação, a coisa mais abominável e improvável. Pensei ainda nas conseqüências nefastas advindas do ignóbil ato traidor. Visualizei a mesquinhez do traidor e sua covardia abjeta tentando se esconder e não ajudar a resolver a sujeira imundo que havia criado.

Parei.

Nesse ponto aqui vi um dos porquês de não conseguir entender a ira do traído. Se a informação de que dispunha o dito traidor era uma verdade, ele não seria então o criador da “sujeira”. Esse seria eu mesmo e, por esse motivo, não culparia o cidadão que apenas acelerou um processo que não iria tardar.

Elucubrando outros motivos, percebi que existia um outro tipo de traidor (entre os diversos que me foram listados). Esse seria o mentiroso e falso. Seria um amigo que, estando próximo, me traísse com fatos (além de palavras). Seria um cônjuge que tivesse outro relacionamento ou um amigo que me difamasse ante as primeiras possibilidades. Imaginei a revolta que surgiria no próximo encontro com essa pessoa e sua insensata comunicação dengosa comigo logo após a descoberta (por mim) de seus atos estúrdios e rasos.

Outra vez, parei.

Não conseguia imaginar uma pessoa que faça algo dessa ordem sem que eu espere isso dessa pessoa. Tu deves estar pensando agora “ingênuo rapaz...” Em verdade, não consigo desassociar a conduta humana dos humanos. O que mais caracteriza uma pessoa como humano são os seus erros, tanto graves como leves. Onde há erros há pessoas.

Confiar é saber até onde se pode confiar em alguém. Se não fomos capazes de perceber essa linha, não podemos condenar ninguém pelo erro cometido. Eu defendo o direito de quem o tem. Todos nós temos nato o direito de errar. Erro, logo existo. Pessoas erram, assim existem.

De par a essas idéias, algo ao menos percebi: impaciência. Observe a roda dos mundos particulares que são as vidas das pessoas a sua volta (se exclua aqui para facilitar sua observação): elas se cruzam sem o consentimento dessas.

Faça uma escolha: não queime suas horas em frente a um problema que não existe. Traidores não existem. O que existe é falta de perspectiva em nossos olhos.

Confie. Tudo muda e o tempo é uma das maiores abstrações de todas...

Desabstrate!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A prudência maior: correr riscos

Há quem diga que na vida tudo pode ser dividido em ciclos, já que existe um início e um fim para cada acontecimento. Eu sou um desses. Identificando os fatos da vida, esses parecem mesmo terminar exatamente por onde começaram. Não da mesma maneira como começaram, mas sim pelo mesmo meio. Em sendo assim, formariam uma espécie de anel, nos fazendo correr o risco absurdamente enorme de repetir o ciclo.

Um acontecimento cíclico (olhe só que bonito isso) teve como precedente também um ciclo e será, por sua vez, o predecessor de um outro que virá. E, logicamente, esses “anéis” podem estar sobrepostos (quando o ciclo se repete) ou simplesmente ligados uns aos outros. Dessa forma, comporiam uma corrente.

Que engraçado, não? Devido a sua grande flexibilidade, essa corrente pode acabar tendo suas pontas ligadas. Um grande ciclo feito de ciclos menores.

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Você já sentiu que sua vida não valeu a pena?


Você já sentiu que não há sentido no que faz?

Seja experto: não esqueça que a “corrente” é flexível. Manobre-a. Movimente essa “corrente” para além de onde possa ver. Arriscado? É. Mas não esqueça que sempre haverá pontos de referência, não interessa o caminho que você decida tomar. E correr alguns (alguns!) riscos também é prudência. Caminhe, não deixe que caminhem por você.

...

Você já sente que sua vida vale a pena?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Carpe Omnium

“…one golden glance of what should be…”
[Queen - A kind of magic]

Quem já olhou aquele filme “O Libertino” (com Johnny Depp)? Excetuando a ótima interpretação desse ator, preste atenção na personagem: alguém que foi real (não é um personagem fictício) e que levou 33 anos para descobrir que todas as habilidades (centradas em uma única grande capacidade) de que era possuidor deveriam ser usadas não contra o sistema, mas dentro do sistema e em favor deste. Ele era um imaturo.

Imaturo sim. Desenvolveu seus enormes “dons” quase que rapidamente e tinha grande influência em seu meio (fosse o que fizesse), mas não os aplicou de um modo que lhes fizessem bem. E ele sabia que não estava fazendo bem a ele. O Conde era louvado, sim, mas não por motivos louváveis: era um grande pensador da instabilidade.

Nós gostamos da instabilidade. (Eu gosto.)

Quando de suas últimas dores, ele “sentiu” cada segundo de seus pensamentos (por mais que se escreva, por mais que se diga, não há ser algum que saiba os ínfimos instantes do nosso pensar) e isso o fez ter a lucidez que ele poderia ter tido se não se fizesse cego.

Tarde? Não.

Façamos como o Conde: vamos passar o nosso olhar dourado sobre o que pode ser a nossa vida mais adiante. Somente o façamos antes dos nossos 33 anos...


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Veni vidi vici

Era uma ótima conversa. Prosa que ancorava tanto meu ser que parecia o belo verso das rimas. Era (como sempre se diz) doce. Muitas vezes seca, mas doce.

Tanto quanto eu desejara escutar era dito, aumentando os meus desejos de mais letras. Eram muitos os desejos. E todos supridos: sozinhos, aos pares ou aos montes. Era a alegria sortida da feira.

Estabilidade era o que viria, com toda a certeza. O que me deixava mais eufórico era nem de relance imaginar que os adendos da estabilidade chegariam também. Ou o principal adendo: a vontade de desestabilizar.

Não era uma relação diplomática, mas obedecia às mesmas regras. Eu não vi isso.

Dano pra mim agora que, sentado em frente ao monitor pensando por que estou escrevendo direto no teclado e não na folha como de costume, não consigo definir o que virá do amanhã, o que virá do que foi feito há pouco.

Mas... Veni vidi vici, já que não posso ter perdido os belos textos que ainda tenho salvo comigo. Os vi. Os tenho. Não em arquivos apenas, mas em mim.

Venci. Vencemos. Estaremos existindo no amanhã; pensando e existindo. O que foi virou história e, se essa história pode ser contada, foi escrita pelos vencedores... nós... e quem vence não fica para trás...

Meu amigo "Cabo-véio"

Cabo-velho (ou “Cabo-véio”) é o nome carinhoso dado àquele militar que subiu à patente de cabo e estacionou nessa classificação.

Muitas brincadeiras são direcionadas ao Cabo-véio, muitas com malícia e ironia.

Na verdade, o Cabo-véio é um dos melhores amigos. Sim, já que ele é atencioso, participativo e um profundo conhecedor do sistema. Está em relação direta com seus subordinados, os tratando como iguais, e sempre em contato com os vários superiores que estão próximos a o exigirem como ordenador, sempre com zeloso respeito a esse esforçado laborador de anos incansáveis de serviço.

Está com dúvida? Procure o Cabo-véio.

Está desesperado com a situação? Não sabe o que fazer? Cabo-véio.

O mundo está permeado de Cabos-véios. E isso é para nós todos uma felicidade. Mantendo a vida social em ordem e nos padrões.

Parabéns, Cabo-véio! Obrigado por estar aqui.

Así como si nada...

“Si es que te he fallado
Dime como y cuando há sido
Si te has cansado
y hoy
Me hechas al olvido...
...
Y ahora tu te vas
Así como si nada
Acortandome la vida
Agachando la mirada...”

[Chayanne - Y tu te vas]

Analisado todos os meus relacionamentos pregressos, vejo que em todos havia a possibilidade de se entrever o fim, mesmo nos momentos iniciais.

Dados são informações que deverão ser trabalhadas em determinado momento. Obviamente em um momento de interesse para o “dono” do processo.

Pequenas projeções poderiam ser realizadas no início dos relacionamentos. Pequenos dados e pequenos cálculos.

Mas, em não sendo do interesse dos “donos” esse ínterim, a missão é abortada.

Com essa decisão relega-se (sabiamente) o fim para o final. Assim o início terá o sabor de um início e o final terá todo o gosto de final.

Não que eu acredite em finais. Eles não existem. Mas... digamos que... que a palavra fim é um marcador para um trecho do relacionamento. É. Assim ficou bom: marcador.

...

Quem ama consegue deixar de amar? Quem disse que amava e que agora não mais ama mentiu? E mentiu deliberadamente? Essa pessoa é um monstro porque fez isso? Essa pessoa “falhou”?

...

Se eu acredito que alguém ‘se vai como se nada houvesse acontecido’ é porque eu não amei. Quem ama vê com os olhas da outra pessoa e não sofre de miopia. Mesmo até quando a outra pessoa “se vai”...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Enquanto houver você do outro lado

“Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar”

[Teatro Mágico – Anjo mais velho]

A inserção das nossas idéias nas idéias das outras pessoas é motivo de complicações diplomáticas quando não é bem executada. Decorrem dessa situação classificações inapropriadas (autoritário, manipulador, ...) dos que estão a conviver conosco.

As nossas idéias são nossa expressão. Querer participar das idéias dos outros é uma de nossas vontades. Sempre. Estar envolvidos.

Quando decidimos que nossa idéia deverá prevalecer, estamos admitindo uma postura infantil. O mundo é feito de todos. Portanto deve conter a idéia de todos.

...

Há crianças com muita engenhosidade, mas sem nenhuma capacidade criativa. A alegria delas é poder participar dos universos criados pelos outros infantes, aumenta-los, torna-los realmente universais. Os criativos criam o barro; os engenhosos constroem com esse barro.

...

Enquanto houver você do outro lado eu vou ter um mundo para engenhar...

Por que não pode ser meu?

“I know somedays you’ll have a beatiful life...
But why can’t it be mine?”

[Peral Jam – Black]

Esperança: fora dessa terra não há salvação.

Dos homens nada se consegue sem algo à troca. E é verdade.

Não veja nisso uma manifestação cruel do ser, mas o calor da oportunidade de oferecer algo a alguém. Estenda majestosamente a mão da proposta e alivie-se do fardo da não-participação. Seja aquele que primeiro dá e assim serás o primeiro a ser o segundo a receber.

Dê. Dê-se. Seja parte. Seja você mesmo em um todo. Seja alguém que os outros saibam quem é. Seja dos outros.

Assim serás teu também. Eu o sei.

Desejo-te os dias felizes que sei que terás...

Representação Senoidal

Uma porção considerável de coisas pode ser expressa matematicamente através de gráficos. Alguns desses movimentos são expressos por uma linha senoidal.

A linha senoidal é uma representação que também obedece a sua relativa freqüência. Essa freqüência é a quantidade de vezes que uma mesma ação é executada em um período.

Ação. Uma mesma ação. Ou um conjunto de ações. Em um período. Que se repete.

Rotina.

Como é que te conduzes? Várias ações “de corpo” que repetidas se tornam "vazias"?

...

Como é que me conduzes?