segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Convocação:

No local onde trabalho momentaneamente (uma lan-house) acorrem pessoas de várias idades. Como é habitual em espaços de convivência, formam-se pequenos grupos, geralmente por faixa etária.

Em um espaço como esse, devido a suas diminutas dimensões, os grupos acabam interagindo entre si.

Dia desses no início de dezembro, as crianças-clientes que se encontravam por cá algarrazavam e essa pequena baderna começava a importunar as demais pessoas que cá estavam também. Como uma de minhas funções é manter a ordem local (xerife!), percebi ser hora de agir.

Sabe, gosto de crianças. E, onde há crianças, há bagunça. Gosto de bagunça, mas há momento para cada coisa. Momento e lugar.

Todo mundo que trabalha com educação (principalmente de crianças) sabe que a violência e a rispidez não geram disciplina.

Movido com essa certeza, pensei em que fazer para organizar a situação. Me servi de uma das minhas ferramentas favoritas: o conhecimento frio e cru (não há nada mais gélido e congelante do que um fato verdadeiro que nos obrigue a ver a realidade e abandonar as “frescurinhas” – justo as que deveriam ter fim naquele momento – para analiza-lo).

“-Bah, vocês viram o que aconteceu no Ártico? Entre 3 mil e 4 mil morsas do Oceano Pacífico morreram esmagadas umas pelas outras, depois que o desaparecimento de blocos de gelo sobre os quais costumavam se abrigar forçou-as a se aglomerarem na costa. Aquecimento global...”

Silêncio.

Quase 10 segundos.

Quase seguro de que houvera atingido o objetivo (tranqüilidade), ouvi a voz de uma das mocinhas: “Haha! Que isso tem a ver com a genti? Nós também vamos morrer esmagados? Haha!”

Sabe o que é que realmente desconforta? É alguém com 12 anos (eu acho isso bastante) desconhecer que mora embaixo do buraco da camada de ozônio; é não saber o que é empatia e não se colocar no lugar dela mesma daqui a 40 anos; o abismal mesmo é o não querer pensar.

...

A maior de todas as minhas paixões (a única paixão-lúcida da minha vida) é uma mulher que é interessada em pensar. Além de inteligente, ela é interessada em pensar. Eu sinto todos os tipos de atração por ela, mas (fora de dúvida) o interesse em pensar que ela tem é o maior de todos os fatores que me atraem.

Talvez seja peça rara. Vai ver é isso. É, deve ser isso.

...

A baderna continuou. Eles são inteligentes, apenas não sabem que gostam de pensar. Falta um empurrãozinho...

Convocação:

Senhores e senhoras que gostam de pensar: invitem de todas as maneiras possíveis as crianças e os adultos a sua volta e de seu círculo a pensar. Incentive com a sua vontade de pensar outros a pensarem. Mesmo que não seja igual a você, instigue-os a pensar!

2 comentários:

Anônimo disse...

i uq q issu tem a ver com agentIIIIIIIIIIIIIIII???????


^^
brinkando, boa amteria cara, cotinue assim!

Flavia disse...

"Invitem" do verbo "To invite"?
Taí uma coisa que não gosto. Lembrei até de uma citação da Clarice... peraí que vou procurar e postar aqui... *procurando*

"Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida."