sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Abstração?

Decepção é um acontecimento difícil de explicar. Ou difícil de entender.

Algumas pessoas já tentaram me definir decepção, mas não tive sucesso e não compreendi o que é.

No entanto, sigo procurando entender. Nesse caminho, presto atenção (atenção mesmo) e me posiciono o mais empático que posso.

Imaginei como seria alguém trair minha confiança (a definição que foi repetida por mais vezes). Imaginei alguém que conhecesse algo extremamente secreto de minha vida, algo incontável, um calcanhar de Aquiles (quem sabe?). Imaginei o pior dos usos que essa pessoa poderia fazer dessa informação, a coisa mais abominável e improvável. Pensei ainda nas conseqüências nefastas advindas do ignóbil ato traidor. Visualizei a mesquinhez do traidor e sua covardia abjeta tentando se esconder e não ajudar a resolver a sujeira imundo que havia criado.

Parei.

Nesse ponto aqui vi um dos porquês de não conseguir entender a ira do traído. Se a informação de que dispunha o dito traidor era uma verdade, ele não seria então o criador da “sujeira”. Esse seria eu mesmo e, por esse motivo, não culparia o cidadão que apenas acelerou um processo que não iria tardar.

Elucubrando outros motivos, percebi que existia um outro tipo de traidor (entre os diversos que me foram listados). Esse seria o mentiroso e falso. Seria um amigo que, estando próximo, me traísse com fatos (além de palavras). Seria um cônjuge que tivesse outro relacionamento ou um amigo que me difamasse ante as primeiras possibilidades. Imaginei a revolta que surgiria no próximo encontro com essa pessoa e sua insensata comunicação dengosa comigo logo após a descoberta (por mim) de seus atos estúrdios e rasos.

Outra vez, parei.

Não conseguia imaginar uma pessoa que faça algo dessa ordem sem que eu espere isso dessa pessoa. Tu deves estar pensando agora “ingênuo rapaz...” Em verdade, não consigo desassociar a conduta humana dos humanos. O que mais caracteriza uma pessoa como humano são os seus erros, tanto graves como leves. Onde há erros há pessoas.

Confiar é saber até onde se pode confiar em alguém. Se não fomos capazes de perceber essa linha, não podemos condenar ninguém pelo erro cometido. Eu defendo o direito de quem o tem. Todos nós temos nato o direito de errar. Erro, logo existo. Pessoas erram, assim existem.

De par a essas idéias, algo ao menos percebi: impaciência. Observe a roda dos mundos particulares que são as vidas das pessoas a sua volta (se exclua aqui para facilitar sua observação): elas se cruzam sem o consentimento dessas.

Faça uma escolha: não queime suas horas em frente a um problema que não existe. Traidores não existem. O que existe é falta de perspectiva em nossos olhos.

Confie. Tudo muda e o tempo é uma das maiores abstrações de todas...

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2 comentários:

Anônimo disse...

Já li Nietzsche diversas e diversas vezes mas só em meio a uma desilusão é que compreendi o que é a lei de eterno retorno. As pessoas criam círculos viciosos que acabam dando nó em qualquer situação. P'ra não serem feridas pelo alheio, ferem a si mesmas, crendo depois em soluções abomináveis.
É o erro que nos faz humanos, sim. Porém, persistir nos erros é decadência, auto-destruição. Sofrer é inevitável e uma vida indolor não edifica. Só que PROCURAR a dor é pedir p'ra sucumbir e agonizar [porque é sim, uma espécie de agonia].
Em frente ao abismo, temos sempre duas opções: dar passos pra trás ou pular. A primeira é mais lógica e traz bem mais vantagens...Mas te digo: há quem veja o abismo e pule! Situação tristíssima essa.
Ecce homo, fazer o quê!
Te adoro. [Adorar: do latim adorare = reverenciar, venerar, amar extremamente, gostar muito de, ter apreço por, ter predileção por, respeitar.]

E te amo. [Amar: do latim amare= Ter amor, afeição, ternura por, querer bem a, apreciar, estimar, desejar, preferir.]

:***
Obrigada por fazer parte da minha vida!

Flavia disse...

Ninguém age já pensando que isso é um erro e tudo bem, justificado afinal "errar é humano".
Mas acima do erro existe o reconhecimento, a humildade e o perdão.
E nenhum desses sentimentos combinam com crueldade.
Então reflita bem sobre os erros.
Eles são inevitáveis, mas não justificáveis.