segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Mon style

Todo o escritor tem uma maneira de se expressar quando escreve. Isso é conhecido como estilo. Apesar dos assuntos versarem sobre questões diferentes, ainda assim há algo que revela seu autor, seja em prosa, seja em verso.

Algumas coisas me apertam a razão nesse momento. Em verdade, são conceitos próprios que se chocam contra a realidade do não-saber. Carlos Drummond de Andrade: quantas paixões ele teve? Caio Fernando Abreu: quantos amores ele teve? Clarice Lispector: a quantos ela amou de paixão?

Sempre acreditei na criatividade como ponto de demonstração do que sinto. Isso surge da observação da natureza própria dos casais. Como eu não namorei até os 21 anos, muito observara dos outros e passei a entender que tudo o que era diferentemente demonstrado era cativante e o que era cativante mantinha um como ‘fervor’ nos amores. Em minha primeira experiência, vi que isso era uma verdade: cessados os pontos originais, não mais se susteve e desabou (e isso até foi planejado). Numa próxima experiência, fui exatamente idêntico ao que fora na forma escrita e em muito da forma comportamental. Mudando apenas conceitos básicos, passei a crer que seria perceptível a mudança, justo o que não foi. E agora, que estou em algo totalmente diferente, não estava percebendo que mais uma vez estava sendo idêntico no meu texto escrito. Havia me passado totalmente desapercebido disso. Bem, compreende-se: estava (estou) fascinado com essa dona e não pude ME ver, não prestei atenção ao que fazia. Felizmente ela é inteligente e acabou por me chamar a atenção para um ponto: repetição de formas. Textos quase idênticos ao que escrevera para minhas outras namoradas repetidos com ela. Realmente eu não havia percebido. Tive que relê-los para ver que (mais uma vez) ela está certa.

Um domingo de livros e pensamentos. Foi o suficiente para eu ter mais dúvidas ainda sobre o porquê estava repetindo meus textos.

Espere. Escrevendo os mesmos textos? Não foi isso que ela me disse quando me chamou a atenção. O que ela disse foi que “os textos tinham muita parecença, são muito similares. Verdade. Isso era uma verdade.

Bem, se as idéias não eram as mesmas e apenas o texto tinha certa semelhança, será que esse é meu estilo de poesia? Meu estilo de prosa?

...

Fico pensando: será que as cartas de amor do Drummond eram todas diferentes como se ele não fosse ele e escrevesse em outro estilo? Será que Vinicius de Moraes poetizou como um outro Vinicius para amores diferentes? Será que Cecília Meireles era uma outra que não ela mesma em seus textos para um romance?

Dúvida, dúvida, dúvida, dúvida...

3 comentários:

Anônimo disse...

"Tudo muda o tempo todo no mundo
Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora, e aqui dentro, sempre..." (8)
Conhece essa música, pois é?
Acredito que nos conhecemos melhor que ninguém, e ninguém além de você mesmo vai conseguir responder tua pergunta.

Anônimo disse...

Céus, eu estou a essa hora online, digitando e agora vi a cambada de erros no meu comentário anterior.
Sorry! :x

Unknown disse...

e tu tens certeza que tu és tu mesmo??? Meu velhinho, como disse certa vez uma certa escritora, somos muitos em um só, somos os retalhos das situações que a vida faz de cada uma de nós... Cada situação é uma situação, as pessoas não são iguais, e as nossas reações sempre serão diferenciadas. Então... por que raios, mas por que raois mesmo, escrever sempre da mesma maneira? Se até os grandes mestres mudaram seu discurso ao longo do tempo?
Cuidado, Teoria do Conhecimento é de enlouquecer... Vai ler John Locke, e tenta tirar proveito.
Beijo!